O sol radiava pela manhã entrando pelos freios do estores do meu quarto. A luz embateu no meu rosto fazendo-me levantar ainda mais lentamente do que em todos os outros dias. (...) Dei um gole no meu sumo de laranja natural - como sempre bebera - e, de seguida, uma trinca na minha tosta integral barrada com manteiga. O silêncio imperava na minha casa, visto que todas as pessoas que (ainda) a habitavam já tinham partido para os seus respectivos lugares de trabalho. Ouvi um pequeno toque do meu telemóvel - sinal de uma mensagem - e não tive pressa em lê-la. Era de manhã e os meus músculos mal se mexiam. Acabei de tomar o meu pequeno-almoço e ainda vi um pouco de televisão, onde personagens falavam uma língua alheia à minha - o francês. Voltei para o meu quarto e o silêncio era envolto nele, deixando-me um pouco nostálgico. Ou melhor, eu pensava que era pelo barulho cortado pela partida de dois seres pela manhã, mas, assim que vi a tua mensagem, eu percebi o meu formigueiro na minha barriga. "Ricardo, desculpa por chatear-te e por nem ter perdido o meu tempo a ir à Internet para ver a diferença dos nossos horários. A minha 'ignorância' continua igual, é verdade... Mas, desde que partiste, houve uma coisa que em mim mudou: eu ser impulsiva. Acredita que o deixei de ser quando entraste na minha casa - não te importando com a minha escolha - e me disseste que te irias embora, definitivamente. Eu não chorei, eu não derramei nenhuma lágrima, mas foi só para não perceberes que, ao partires, levaste um pouco de mim. Apesar da minha escolha - que não me arrependo - tu, lá no fundo, sabes que eu nunca te esqueci. E a prova disso é o quanto afastado estás de mim e eu continuar a pensar em ti... Da mesma maneira que tu pensas em mim. Eu já apaguei tantas vezes a merda desta mensagem sem saber o que dizer, mas sinceramente o fundamental permaneceu: eu ainda não te esqueci, de maneira nenhuma. E sabes porquê que agora eu te mandei esta mensagem? Só agora? Porque estou a vê-lo dormir do meu lado e não paro de imaginar se fosses tu. Lembraste das nossas mágicas noites? Das nossas noites especiais? Agora é ele que está aqui... E, por isso, desculpa se te magoei ao dizer isso. Eu não deveria mesmo ter mandado esta mensagem, pois não? Mas já não vou voltar atrás. Tu precisas de saber que eu ainda anseio por ti. Tu é que não imaginas." 

Não és a única pessoa que deixou de ser impulsiva. Eu também deixei. E, por isso, é que eu ainda não te respondi.